Os protestos que tomaram as ruas dos Estados Unidos e da Europa neste sábado (18) ganharam um novo capítulo polêmico. O presidente americano Donald Trump respondeu às manifestações com um vídeo criado por inteligência artificial, publicado em sua rede Truth Social, em que aparece pilotando um caça militar e lançando “bombas” de fezes sobre os manifestantes.
A gravação, amplamente criticada por políticos e pela imprensa internacional, foi interpretada como uma tentativa deliberada de provocar e ridicularizar o movimento “No Kings” que reuniu milhões de pessoas em mais de 2.600 cidades americanas e em capitais como Londres, Paris, Roma e Madri. Os atos pediam o fim do que chamam de “deriva autoritária” de seu governo e defendiam o respeito às instituições democráticas.
No vídeo, Trump surge usando uma coroa dourada e pilotando uma aeronave personalizada com o nome “King Trump” (Rei Trump), numa ironia direta ao lema dos protestos. Especialistas em comunicação política classificaram o gesto como “a escalada mais bizarra” da tensão entre o governo e a sociedade civil desde seu retorno à Casa Branca.
Apesar da repercussão negativa, apoiadores de Trump elogiaram o vídeo, dizendo que ele “expressa a força do líder diante da histeria da esquerda global”. Nas redes sociais, o clipe rapidamente se espalhou e foi banido de algumas plataformas por violar diretrizes de conteúdo ofensivo.
O episódio amplia o contraste entre o discurso autoritário de Trump e a reação popular. Em Washington, Nova York e outras cidades, os manifestantes levaram cartazes com frases como “Nenhum homem acima da lei” e “A democracia não tem rei”.
Analistas avaliam que a reação de Trump reflete o isolamento político que ele vem enfrentando, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos. O uso da inteligência artificial para fabricar conteúdo satírico de cunho ofensivo levanta ainda questionamentos sobre os limites éticos da comunicação presidencial e a banalização do debate público.
No Brasil, figuras políticas e analistas internacionais compararam a retórica de Trump à de líderes populistas que exploram o confronto e o desprezo institucional como estratégia de fortalecimento político. O episódio, segundo especialistas, marca um dos momentos mais tensos do atual mandato do republicano e expõe o uso de ferramentas digitais como instrumentos de manipulação política e provocação ideológica.
Para parte da opinião pública, a resposta do presidente americano apenas reforça o tom de deboche que tem caracterizado seu governo. O contraste entre uma multidão nas ruas pedindo democracia e um líder zombando de seus críticos em vídeo gerado por IA resume bem a era de polarização política e desinformação que domina o cenário global.
Escrito por: Gabriel Silva – Panorama de São Paulo
Fontes: Agência Brasil, BBC News, Veja, RFI, G1 Internacional.
